O telefone

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Néo-confissões de Biartes Bertiny (bobagens de um 31 de agosto)

Renan Pereira

Considero-me um ser pensante e complexo. Ainda que sem referências, pensante e complexo.

Acho que nunca vou chegar a me entender completamente, e tudo o que queria agora era viver em um mundo mudo...

Pensar é um verdadeiro mal, pelo menos para mim o é.

De repente o que sinto é puro enjoo. Vontade voluptuosa de morrer (não sei se sou capaz). Começo a perceber então, que eu me odiaria (caso eu não fosse eu). Logo, eu me odeio? Não compreendo: como alguém pode gostar de mim? Se é que alguém gosta. De fato, todos mentem. Mentirosos!!!

Nunca fiz nada para que alguém me gostasse. Dane-se, portanto!

Doravante, calculo que desse estado de fossa total, talvez a morte cure. Mas só talvez; e, de fato, nem acredito nisso. Morte ao darwinismo: viva Darwin!

Por que é que todos vocês vivem mentindo, assim como eu? Vão todos para os Diabos, e para os diabos. Preciso de uma dose de amor, e, no entanto, não sei se ele existe. A verdadeira fossa, não é categoricamente esse lance da depressão. É sim, esse episódio de instantes, esse lance que conforta... essa jogada que desespera. Escrevendo tantas bobagens intuitivas, até pareço um escritor de verdade. Mas o fato, é que não tenho coragem. Sou um covarde. Um covarde que por vezes escreve coisas sinceras. Um covarde que acorda no dia seguinte para ir ao emprego que detesta. O covarde que se angustia o dia todo, mas não se move. Estou farto de teorias, e tenho arruinado algumas vidas ultimamente. Ponto final.

Não desejo ser tão tímido, queria poder dizer tudo o que sinto. Pois nem quando escrevo faço isso. Nem quando escrevo somente para mim. Tenho medo que eu descubra meus próprios segredos. E, não obstante, como Dostoiévski bem sabe, eu posso ser muito bem um de seus personagens principais (ainda que com mínimas referências). Esta é uma noite sincera. Eu deveria mesmo fazer algo impressionante, como uma ligação ou uma visita inesperada, mas o mais provável mesmo é que eu volte a dormir...

Contudo, permitam-me vos deixar um conselho: tenha um emprego, cumpra os horários, compre uma TV legal, restrinja-se ao dicionário. Caso o contrário, adira à iconoclastia.



4 comentários:

  1. Olá Renan. Alguém disse: "Perder-se, também é caminho"...momentos bons, outros menos bons, reflectindo, aprendendo, construindo, vivendo. Vontades, ou a falta delas.
    Parabéns pelo seu blog.
    Um abraço, deste lado de cá do oceano atlântico, Lusa

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  2. Confessar, acredite meu caro, é o caos!
    Se VOCÊ conhecesse o Renan Pereira, vc diria que ele é legal e eteceteras!
    Textos profundos induzem palavras curtas.
    "...um dia pretendo tentar descobrir pq é mais forte quem sabe mentir. Não quero lembrar que eu minto também..."

    Bem eu queria fazer parte de você!

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  3. Muito obrigado pelo comentário, Maria. É sempre bom saber que nossas palavras (vice-versa) têm a capacidade de chegar tão longe; melhor ainda, quando vindas de uma terra tão linda e adorada por nós brasileiros. Volte sempre que possível. Abraço

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